quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Relatório de Conferência(s)

Um relatório por mim realizado na cadeira de Literaturas Africanas sobre Cabo Verde


Nome- Milton Alberto Sousa Rocha
Ano- 4º
Nº- 16373
Disciplina- Literaturas Africanas
Curso- LLM Est. Port. e Lus.


Relatório da(s) conferência(s) sobre Cabo Verde presidida pelo professor Alberto Carvalho no(s) dia(s) 11/03/08 e 13/03/08, ambas às 12h00.


É inicialmente afirmado pelo professor que o arquipélago de Cabo Verde era desabitado aquando da sua descoberta, sendo posteriormente colonizado por alentejanos, algarvios, provençais, europeus em geral e escravos que para lá eram levados para comércio ou não, tendo sido através dos colonizadores que a escrita chegou ao território cabo-verdiano.
Tempo depois, tem início uma miscigenação racial, com o relacionamento entre colonos brancos e escravas negras, formando-se em Cabo Verde uma sociedade mestiça não só a nível étnico como também cultural, esta mestiçagem sociocultural irá tornar-se numa imagem de marca da sociedade crioula, que desfrutou de um relativo progresso com o fim do sistema escravocrata (1860/1870) e com o primeiro “governo” de Cabo Verde formado na Boavista em 1842. Como já referido, a escrita e a literatura chegaram àquelas ilhas através dos colonos, e isso ajudou ao desabrochar da escolástica e da literatura cabo-verdiana, comprovando-se isso mesmo com a vaga de inaugurações de escolas e liceus: em 1848 é fundada a escola Funchal na ilha da Brava; em 1853 a Sociedade Esperança é inaugurada; de 1859 a 1861, iniciam-se as aulas no Liceu da Praia e em 1866, abrem os seminários do Liceu de S. Nicolau.
Segundo o professor Carvalho, com a educação erudita adquirida, a literatura poética, começa por ser a mais divulgada e “proclamada”, inicialmente, dando ênfase ao longo dos séculos XIX e XX à sobrevivência dos cabo-verdianos, à imigração dos filhos da terra para a Europa e América por razões laborais, monetárias e /ou educacionais- o poema «Emigrante», de Osvaldo Osório é um exemplo flagrante, deixando ver o preconceito por parte de naturais dos países receptores- , e a partir de 1961, focará o movimento anticolonial influenciado pela UPA em Angola; no entanto, predominam demandas amorosas nos textos poéticos cabo-verdianos como «Um cypreste», de Antónia Pusich; alguns poemas servem também como “contadores” da história cabo-verdiana, como «Prelúdio», de Jorge Barbosa que narra a história do descobrimento e colonização das ilhas,havendo outros de grande destaque como «Pró Pátria», de Paulo Cardoso, e «Poema de Amanhã», de António Nunes.
É dito pelo professor que o texto em prosa, também se vai impondo gradualmente no panorama literário do arquipélago com escritores como Germano de Almeida, autor de «O testamento do senhor Napumoceno»; e actualmente,o campo da literatura em Cabo Verde, encontra-se dotado de grandes exemplos e exemplares, sendo bastante curiosa a problemática da língua, uma vez que existem dois idiomas oficiais: o português e o crioulo, este último mais falado entre indivíduos fora “dos meios escolásticos”, sendo a língua de Camões (também falada coloquialmente) usada nas escolas e claro, na literatura- que faz em certos casos referências sumárias ao crioulo- mas ambas as línguas em conluio, constituem parte integrante da literatura cabo-verdiana, fazendo dela um marco no campo literário africano através da mágica poesia e prosa.

The changing on the society

Um mini-texto que traduzi do português para inglês, sobre a mudança no meio social


The changing on the society

The courses of development

Changing and development
Diversification and mutability of the centers of power and decision on the 20th century


When the 20th century begins, the unfair but stable world of the 19th century was coming to the end and all was about to change.
The 20th century was called the “extremes era”- contradictions, hopes, frustrations and unimaginable achievements. It was a century of amazing discovers: the moon and the bottom of the seas, new galaxies and the genes, the infinitivally big and the infinitivally small. From the assurances of scientism it passes to the recognition of the aleatory, the uncertain, the infinitivally complex.
On the whitens of the 21st century, we enter on the “ globalization era”- of the economy, of the knowledge, of the technology-, and also of the necessity of global management of the planet, only way of face global problems which it is facing.
The nowadays transformations occur on a dilacerate world by disparities between rich and poor states, on which the expansion of modern institutions provoke all kind of against-tendencies and influences, like the religious fundamentalism or reactive traditionalism forms.
On this new century, the world on which we evolve has abandoned lot of its stiffness and certainties.
The affronting of the ideologies has given the place to economical systems. The individual, formerly protected by security nets lifted up and financed by states, has to count more often with himself, for assure its professional and personnel security in the middle of micro economical structures that face each other on a growing competition. The cult of efficacy and rent ability tends to destroy any solidarity sense.
But not all the perspectives are calamitous. The world wideness creates richness and multiplies opportunities in the entire planet, and the diffusion of new communication means raises to a power of improvement of the education, formation and knowledge level of all people.
The major challenge is to shape the future as per a democratic conception, centered on the societies, that combines the solidarity affirmation with the recognition of the diversities.

O homem...

O homem, um ser único e característico que consegue adaptar-se a (quase) todos os ambientes e/ou situações, tem a capacidade de praticar boas acções, mas é também capaz das mais bárbaras atrocidades; o ser humano, animal complexo e imanente, alcançou os objectivos a que se propôs chegar à sua nascença como ser social, mas parece não ter ainda atingido os mais nobres fins- a fraternidade e a solidariedade absoluta tal como alertou Martin Luther King: «Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendemos a viver como irmãos», referindo-se ás enormes dificuldades de integração racial e social por parte dos negros nos EUA nos anos 60, facto que comprova a perseverante falta de vontade da humanidade em conviver e aceitar o seu semelhante e a desmotivação por parte desta em relação à equidade entre todos por causa de “diferenças” insignificantes.
Homem/humanidade- na sua faceta pessoal ou colectiva, o ser humano mostra grandes reticências em relação a diversos itens relacionados com o seu meio sociocultural, olha para as já referidas diferenças insignificantes, distorce-as e faz delas aquilo que muito claramente não são, o que provoca reacções que o mesmo ser humano tem tendência a criticar, caso dos dois atletas negros norte-americanos que ao receberem as respectivas medalhas de ouro e prata após uma prova nos Jogos Olímpicos da cidade do México em 1968, ergueram o punho direito (que estava calçado com uma luva preta) em sinal de protesto contra as ordens discriminatórias vigentes na sociedade americana, e em favor dos movimentos pelos direitos civis, sendo por isso posteriormente expulsos da aldeia olímpica; aqui se vê a complexidade que a contra-reacção em relação a certos factos negativos atinge perante determinados níveis.
Talvez fosse necessário haver uma revolução nos maneirismos das mentes dos intervenientes/responsáveis da sociedade actual, de modo a mudar tudo isto;
Mas essa revolução tem que partir do Homem para o Homem, pois só este poderá intervir na sua própria mentalidade de maneira a transformar algo.
A Humanidade (homem) precisa encontrar respostas para si mesma de modo a triunfar neste espaço sociocultural para assim contribuir para o seu próprio desenvolvimento e até sobrevivência a nível individual, colectivo e inclusivamente moral dado que só se conhecendo bem a si mesma, poderá atingir/alcançar o “desejado”.
As tais respostas estão “lá” só precisando os homens (humanidade) de olhar através do muro do preconceito e do egoísmo

Portugal, Hoje- O medo de existir. (excerto de trabalho)

Apresento o excerto de um trabalho que realizei na cadeira de cultura portuguesa contemporânea na FCSH-UNL, sobre o livro de José Gil: "Portugal, Hoje- O medo de existir", que traça um retrato muito pouco abonatório da sociedade portuguesa actual.


O livro Portugal, Hoje – O medo de existir de José Gil, trata dos principais problemas psicossociológicos da sociedade portuguesa contemporânea, e da responsabilidade das instituições políticas do passado na actual conjectura nacional.
Para melhor elaborar a recensão crítica, decidi dividir o livro em duas partes: Na primeira parte, (da página 7 á página 73), explica-se a negatividade do país e dá-se conta da falta de acontecimentos positivos para “impulsionar” os indivíduos; esta primeira parte inicia-se com o subgrupo- Como convém televiver; neste subgrupo, dá-se a entender a expressão «é a vida» do apresentador da RTP , expressão essa que se torna relativa no mundo da informação , pois, as notícias de raptos, violências etc., “misturam-se” com notícias felizes (ex. do nascimento do panda bebé na China), no caso das notícias de violência, é dada a tranquilidade da distância e não vale a pena preocuparmo-nos: O mau acontece lá longe- dando a minha opinião pessoal, posso afirmar que a expressão «é a vida»,proferida pelo apresentador televisivo, procura anestesiar-nos, fazer-nos enquanto membros da sociedade aceitar situações inconcebíveis com a justificação da distância física/geográfica.
Ao pensar de forma aprofundada nessa expressão, vê-se que é uma frase insensível insignificativa, inexistente do ponto de vista intelectual, pois basicamente diz-nos para não raciocinar- instalação daquilo a que o autor posteriormente denominará como sendo um nevoeiro branco que não deixa agir e ver a gravidade das situações; a simples frase «é a vida», torna-se assim o travão á acção das pessoas, como se conclui pelos seguintes excertos da obra:«É a vida (...) é uma frase vazia, despida de conteúdo (...) injunção formal, nada diz, senão limites e regras para não pensar»; «é a vida!... é esta mistura confusa de transcendência- imanência da nossa vida que provoca um nevoeiro no espírito»; estas curtas transcrições remetem para o estado de passividade em que nos encontramos; a comunicação social não é alheia a estes factos, dado que é a primeira a difundir a aceitação sem oposição e inconsciente representada pela expressão referida , pois depositando grande confiança nos órgãos de comunicação em especial a televisão, os indivíduos deixam-se influenciar seguindo cegamente tudo aquilo que é transmitido e assim é passada a ideia de inactividade e inoperatividade aos cidadãos. O “televiver”, a expressão «é a vida» e a consequente aceitação passiva estão assim inter-relacionados de forma a manter o nevoeiro na mentalidade social nacional e a contribuir para um certo stato quo.
Posteriormente, passa-se ao subgrupo de o país da não-inscrição; aqui, José Gil afirma que em Portugal nada acontece ou se inscreve, o povo português não tem vontade de se envolver no que quer que seja. A imobilidade impera. Após a leitura deste subgrupo, penso que o grande culpado desta falta de vontade generalizada de inscrição, foi a subjugação da sociedade portuguesa por parte do salazarismo- época em que apenas se enaltecia o ego patriótico. A não-inscrição, a irresponsabilidade inconsciente é assim um hábito entranhado pelo regime salazarista; a inscrição implica conceitos como acção, afirmação, decisão, com os quais o indivíduo encontra sentido para a sua existência, contudo, estes conceitos eram repudiados pela ditadura- a revolução do 25 de Abril, abriu a época de luta contra a não-inscrição; era urgente fazer o país ter desejo de se envolver em algo, inscrever-se, tomar decisões firmes, de forma “decidida”, mas, mais de 30 anos passados a situação continua inalterável:o salazarismo deixa ainda a sua marca- Portugal continua ainda embrenhado no eterno nevoeiro, sem vontade de “tomar rédeas” ou quaisquer posições; a nação está enterrada no branco psíquico; o povo português tem várias alterações de consciência que resulta da não-inscrição; José Gil dá o exemplo do condutor que pára no sinal vermelho e põe-se a pensar em outras coisas e «acorda» com o buzinar dos automóveis atrás dele após o sinal verde; este é um exemplo que explica como a sociedade nacional sofre as consequências da não-inscrição.
O próximo tema desta primeira parte é de grande importância, pois vai lançar as bases para entender a falta de atitudes por parte das entidades públicas para diminuir o tal nevoeiro/medo: trata-se do espaço não público- O autor refere que após o 25 de Abril ainda se ouve dizer que está tudo na mesma e que há uma realidade mal definida a que se acordou chamar «espaço público», ora antes de mais é necessário dar a noção de espaço público, e, dando a minha própria definição, posso afirmar que corresponde a um espaço constituído pela união dos órgãos de comunicação social através da realização de debates de vários tipos, com figuras públicas ou não, de forma a que os cidadãos possam ser devidamente informados e, entre si criar uma opinião comum de modo a contribuir para o melhoramento, liberdade e expressão de um determinado local.
O que hoje em dia se conhece como espaço público, nem sempre foi como actualmente: Durante o regime ditatorial de Salazar, este espaço foi amordaçado, desprezado, muito pressionado de forma negativa, condenado á clandestinidade e é ilegalidade, tendo mesmo desaparecido, muito por força dos órgãos de controlo(censura) do Estado, que levavam a cabo uma série de atentados contra as outras liberdades, encobertos «por fachada caricatural de liberdades públicas». Três décadas depois, o que resultou desta mutilação do espaço público? A completa descoordenação e, sobretudo o «natural» medo- observa-se que mesmo em tempo de liberdade, as pessoas ainda mostram um certo receio em exprimirem abertamente os seus pontos de vista, e revelam-se reticentes em trocar ideias publicamente sobre praticamente tudo: cultura, sociedade, e principalmente política- esta é uma das muitas sequelas do salazarismo e seus métodos de repressão(...)